quinta-feira, 27 de janeiro de 2011


                  Nossos Medos


Pelas ladeiras da pequena cidade, sozinho eu seguia. Caminhando entre becos, casarões, equilibrando-me sob as pedras, e me escondendo sob a beira de seus telhados antigos devido à chuva que sem anunciar se pôs a cair. Eu parecia ser o único ser vivo a caminhar naquela cidade, só se via clarões de lampiões, o ringirem das portas e janelas, as namoradeiras que simplesmente persistiam em estampar um sorriso em suas belas faces, e também se podia ouvir o latir dos cachorros que pareciam assustados com alguém ou alguma coisa. Nunca tinha parado para observar o quão estranho e assustador era aquela cidade ao anoitecer, o silêncio, a solidão, ninguém pela rua nem na praça. A velha igreja mesmo com suas portas fechadas não abria mão de badalar o sino de hora em hora anunciando que o tempo por ali mesmo que de forma quase não notável também passava, as palmeiras pareciam dançar abraçadas devido ao vento. Resolvi parar por um instante para me esconder da chuva debaixo de um puxado que fazia parte do centro da pequena cidade. Foi quando nesse momento percebi uma sombra, senti-me angustiado, pois eu olhava e não via ninguém. Seria alguém me seguindo, pensava comigo mesmo. sem perceber comecei a caminhar mesmo debaixo de chuva. A sombra persistia em me seguir, e o medo começou a nos fazer companhia. Quando dei por mim eu já estava a correr por entre as ruas estreitas da cidade. Eu me escondia, mas a sombra continuava me seguindo,era uma força estranha, algo que assombrava os meus passos. Foi quando pude ver que a sombra que me seguia era um esqueleto, corri mais ainda que eu pudesse me perdi por entre as casas, e o esqueleto continuava correndo atrás de mim, estava realmente disposto a me perseguir. Corri... Corri até não agüentar mais, quando me dei por vencido,sentei-me nas escadarias de um casebre sem entender o acontecido. Até hoje me pergunto, como pude ter sido tão tolo assim, correndo de um esqueleto tendo um esqueleto em mim.

                                                                                            Por : Fabiano Pacheco
Uma vida em 24 horas


È impressionante como tudo acaba tão de-repente... É como água que escapa entre nossos dedos, simplesmente não temos o controle de nada. Jamais pensamos que isso poderia nos acontecer mas num belo dia infelizmente a hora chega...vou lhes contar como tudo aconteceu.Era apenas uma rotina médica como qualquer outra, e eu acabara de sair desconsolado do consultório médico. O sol radiava seu brilho nas águas cristalinas da bela lagoa. No parque todos pareciam tão felizes. Minha vida pareceu ter acabado ali mesmo quando soube através do meu doutor que eu estava sofrendo de uma doença incurável e que eu teria apenas mais 24 horas de vida. O chão parecia me abandonar, de - repente sentir-me caindo, sai cabisbaixo a caminhar pelo parque com os olhos cheio de lágrimas, um nó na garganta que parecia me sufocar, pensava nas tantas coisas que eu poderia ter feito e que jamais poderei fazer, nas pessoas queridas que deixaria para trás, nas tantas coisas que ainda queria fazer, foi quando uma bela moça caminhou-se até mim e perguntou se estava tudo bem comigo, sem pensar eu disse que sim, que apenas estava um pouco triste por motivos banais. A moça com seus lábios sorridentes segurou em minhas mãos e me disse: Não sei o motivo que lhe aflige, mas por favor não fique triste,a vida é bela demais para ficarmos tristes, venha, vamos caminhar um pouco pelo parque.Naquele momento a vida parecia ter voltado a ter sentido para mim.Eu simplesmente estava encantado com aquela moça, de onde teria surgido? Só podia ter sido um anjo que Deus enviou para me buscar, pensava comigo mesmo. Divertimos-nos o resto da tarde, passeamos pelo parque observando os gansos, cada borboleta e as belas orquídeas que perfumavam o parque. Quando menos esperávamos, como um simples toque de mágica nossos lábios de tocaram,foi amor a primeira vista, mas só de saber que aquele seria o primeiro e o último de nossos encontros o aperto visitou meu coração novamente.Convidei a bela moça para um chá em minha casa, onde terminamos nosso dia sentados na varanda observando o sol se pôr. Aquele foi sem dúvida o pôr do sol mais lindo de toda minha existência, talvez por ter sido o último, eu apreciava cada detalhe, cada raio de sol, os pássaros anunciando o entardecer, era o dia que fechava sua janela para a porta da noite se abrir.E a bela moça me olhava com olhos de admiração e seu belo sorriso estampado em sua face. Depois a levei até a sua casa e quando estava para me despedir propus a ela um desafio, propus se ela conseguiria viver um dia sem mim, sem qualquer tipo de comunicação, e a disse que se ela fizesse isso, a amaria pra sempre. A moça aceitou. Ela não ligou ou mandou mensagens pra mim por todo o dia. Sem saber que eu tinha apenas 24 horas de vida, pois sofria de câncer. No dia seguinte a moça foi à casa de seu namorado feliz e ansiosa. Lágrimas caíram quando ela o viu deitado com uma nota ao lado: "Você conseguiu amor. E agora, você consegue fazer isso todo dia? Não sei teu nome e também nem fiz tanta questão em saber, pois eu já sabia que você era um alguém muito especial para mim, você é o meu anjo, e assim chamarei você por toda a eternidade. Eu te amo".

                                                                                   Por: Fabiano  Pacheco
Sonhos Perdidos

Sonhar... Mais um sonho impossível, lutar quando é fácil ceder já dizia Maria Betânia em sua canção. Mundo dos sonhos? Ou seria o mundo das ilusões?
Seria este o grande mistério que enfeita a infância dos pequeninos, que não tem motivos para se preocupar, que não levanta cedo para ir ao trabalho, nem dorme com dor na consciência pelas contas atrasadas, não guarda rancor, ódio, mágoa ou qualquer ressentimento.  Não se sabe ao certo o nome desse mundo que é simplesmente fantástico, com um simples toque de mágica tudo fica divertido, colorido, que arranca gargalhada sincera, e olhares iluminados. Ilusões, sonhos, fantasia. Este é o mundo colorido de sua infância. Hoje você cresceu, mas escute: não perca nunca sua alma de criança. Lá fora a vida pode ser diferente daquilo que você sonhou talvez uma brusca realidade que você nem em sonho imaginaria que pudesse existir. Com o tempo você percebe que aqueles amigos que fez parte de sua infância, que sonhou e planejou como seria a vida depois de adulto não estão mais a seu lado. A vida encarregará de lhe apresentar outras pessoas que provavelmente você irá se identificar, como se juntos tivessem crescidos. Mas não é minha missão desapontá-lo quanto á vida adulta, pois evidentemente que os sonhos continuarão a existir, continuaremos voando num limite improvável, além do imaginário. Ainda bem. Afinal que graça teria a vida sem sonhos, sem desejos, sem fantasias. Nenhuma pode apostar. Talvez seja ele, “o sonho” responsável por mover nossas vidas, e quem sabe o mundo. Mesmo hoje, depois de ter passado pela infância, mesmo nunca tendo deixado morrer a criança que habita o meu ser, continuo sonhando e apostando nas pessoas, naquilo que acredito, e que espero da vida e das pessoas. Mesmo quebrando a cara muitas vezes com pessoas pequenas, que não mereciam o tamanho do sonho que eu tinha a seu respeito, mesmo assim continuo sonhando. Sonho com um mundo melhor, mais fraterno, mais humano e de paz. Não me importa saber se é terrível demais, quantas guerras terei que vencer por um pouco de paz, mas não deixarei que meus sonhos se percam por onde eu vá, nem deixarei que os mesmos morram ou desapareçam de minha vida. Quero continuar sonhando... Sonhando, fantasiando e vivendo sempre na eterna infância, pois só assim veremos brotar uma flor do impossível chão.